- Speaker #0
Bem-vindos ao Global SAR Hub Podcast. Missão pronta. Hoje, acompanhamos as operações de resgate que se desenrolaram após o naufrágio do Burbom Hold.
- Speaker #1
Bem-vindos ao Global SAR Hub Podcast. Missão pronta. Hoje, acompanhamos as operações de resgate que se desenrolaram após o naufrágio do Burbom Hold.
- Speaker #0
Bom, assim que os últimos sinais do Burbom Hold se perderam, em 26 de setembro, a Coordenação de Busca e Salvamento, o SAR, entrou em ação imediatamente. pelo MRCC Forte de France, lá na Martinica.
- Speaker #1
Exato. E a situação era, nossa, crítica demais. O furacão Lorenzo ainda estava ativo, castigando muito a área.
- Speaker #0
Pois é. E aí começou uma mobilização internacional, assim, impressionante. A gente está falando de 20 navios, sabe? Mercantes e militares desviando de suas rotas.
- Speaker #1
20 navios? É muita coisa?
- Speaker #0
Muita coisa. E mais 15 sobrevoos. Aeronaves francesas, como o Falcon 50, e americanas. tinham um... um P3 Hurricane Hunter da NOAA, que é especialista em furacões, né? Sim,
- Speaker #1
isso é fundamental nessas condições.
- Speaker #0
E um C-130 da Guarda Costeira dos Estados Unidos. Isso. Além, claro, do suporte vital das imagens de satélite da EMSA, a Agência Europeia de Segurança Marítima. Mas, olha, a única pista concreta mesmo, no comecinho, era o sinal da EPIRB.
- Speaker #1
Aquela baliza de emergência, né?
- Speaker #0
Exato. Que continuou transmitindo até o dia 30 de setembro. Era um fio de esperança ali.
- Speaker #1
Com certeza. E um momento chave aconteceu no dia 28 de setembro. As condições do tempo, felizmente, deram uma trégua. Ah,
- Speaker #0
que bom!
- Speaker #1
É, os ventos diminuíram, a visibilidade melhorou um pouco e foi aí que um navio mercante, o Pith, fez uma descoberta crucial. Eles avistaram uma balsa salva-vidas.
- Speaker #0
Nossa!
- Speaker #1
E o curioso é que ela estava virada quando a viram, mas o pessoal que estava nela conseguiu. Conseguiu desvirar, talvez, num momento de mais calma ali, né?
- Speaker #0
Que agonia eles devem ter passado.
- Speaker #1
Imagina. Pouco depois, o Pitcher esgatou três sobreviventes. Os ucranianos Dmitry Marchenko e Yevgeny Nikolov e o russo Igor Morozov. Três. Três. Exaustos, claro, mas vivos. E eles confirmaram o naufrágio, que aconteceu por volta do meio-dia de 26 de setembro. Disseram que toda a tripulação estava de colete salva-vidas.
- Speaker #0
Isso é importante.
- Speaker #1
Sim. Mas o relato deles também trouxe uma notícia, sim, devastadora. Dois dos cinco que chegaram na balsa com eles, bom, foram varridos pelas ondas durante a tempestade. Uma tragédia.
- Speaker #0
Meu Deus, que coisa terrível.
- Speaker #1
E nesse mesmo dia, outras buscas localizaram um corpo e a própria EPIRB, que estava flutuando. Mas a recuperação imediata ainda não foi possível.
- Speaker #0
Que mistura de emoções, né? O alívio de encontrar sobreviventes e angústia pelas... perdas pelos que ainda estavam desaparecidos. A chegada da fragata francesa Ventosi logo depois deve ter sido um reforço muito importante.
- Speaker #1
Fundamental. Ela assumiu a coordenação das buscas no local, o papel de OACI, o coordenador no local, e o helicóptero Panther dela foi decisivo.
- Speaker #0
Decisivo como?
- Speaker #1
Bom, entre 29 de setembro e 1º de outubro, os quatro corpos que foram recuperados. Um foi pelo pitch, Mas os outros três foram localizados e recuperados pelo helicóptero da Ventosi.
- Speaker #0
Entendi.
- Speaker #1
E esse mesmo helicóptero levou os três sobreviventes para a fragata para receberem cuidados médicos mais adequados, né? Sim,
- Speaker #0
claro. E as buscas continuaram, imagino que cobrindo uma área gigantesca.
- Speaker #1
Gigantesca? Mais de 109 mil quilômetros quadrados. É difícil até de visualizar uma área assim no mar.
- Speaker #0
Nossa!
- Speaker #1
Mesmo assim, em 5 de outubro, o MRCC teve que suspender as buscas ativas, né? Mantiveram só os alertas para navios na região.
- Speaker #0
Chega um ponto que nada. E aí, finalmente, em 12 de outubro, 16 dias depois do naufrágio, as operações SAR foram encerradas de vez.
- Speaker #1
16 dias de busca intensa?
- Speaker #0
Exato. E o balanço final foi muito duro. Só três sobreviventes, quatro corpos recuperados e sete tripulantes que continuam desaparecidos.
- Speaker #1
E com o resgate dos sobreviventes, claro, começaram a surgir informações importantes para os investigadores. Eles confirmaram que já existiam problemas técnicos no Bourbon Road.
- Speaker #0
Que tipo de problemas?
- Speaker #1
Vazamentos, alarmes de água no porão, coisas que, talvez por serem recorrentes, sabe, talvez já não recebessem a atenção devida.
- Speaker #0
Aquela normalização do risco, né?
- Speaker #1
Exatamente. A investigação preliminar da IAT de Luxemburgo, que é a Autoridade de Investigação Técnica, mirou logo em dois pontos bem críticos. Primeiro, a vulnerabilidade de um compartimento específico. O do Z-Drive.
- Speaker #0
Que é da propulsão, certo?
- Speaker #1
Isso, uma unidade de propulsão essencial. E ali, equipamentos elétricos vitais não estavam assim devidamente protegidos contra a entrada de água.
- Speaker #0
Então, uma falha ali poderia ter complicado tudo muito rápido.
- Speaker #1
É uma possibilidade que eles consideram. A decisão de talvez tentar manter a propulsão funcionando, em vez de isolar logo o compartimento que estava inundando. Isso pode ter sido um fator. E o segundo ponto que chamou muito a atenção foi uma... ambiguidade no sistema de manutenção do navio.
- Speaker #0
Ambiguidade? Como assim?
- Speaker #1
Tinha uma dúvida sobre o que significava exatamente a palavra cover, tampa, né? Num procedimento referente às tampas de inspeção dos shark jaws.
- Speaker #0
Shark jaws. Aqueles equipamentos no convés para manusear correntes, cabos...
- Speaker #1
Isso mesmo. Essa confusão sobre o termo cover pode ter levado a uma falha na manutenção da vedação, da estanqueidade, entre o compartimento do Z-Drive e o converse, que fica exposto ao mar.
- Speaker #0
Caramba! Um detalhe de palavra, cover, mas com consequências que podem ter sido enormes.
- Speaker #1
Exatamente. Pequenos detalhes em sistemas complexos às vezes têm impactos gigantescos. E diante disso, o afritador do navio agiu rápido, sabe? Atualizaram procedimentos de planejamento de horta, análise do tempo...
- Speaker #0
Medidas corretivas imediatas.
- Speaker #1
Sim. Regras mais rígidas para se distanciar de tempestades, novas rotinas de inspeção e a própria AIT emitiu uma recomendação de segurança importante. Exigindo procedimentos padronizados e bem claros para a manutenção desses sistemas Shark Jaws em navios parecidos.
- Speaker #0
Fica muito claro, né? Como vulnerabilidades técnicas, mesmo aquelas que parecem pequenas ou que acabam sendo normalizadas no dia a dia, podem se combinar de forma catastrófica com a força da natureza. Mas ao mesmo tempo a gente vê essa resposta internacional impressionante, a resiliência toda no esforço SAR.
- Speaker #1
Sem dúvida.
- Speaker #0
Tragédias como a do Bourbon Hold. Por mais dolorosas que sejam, acabam sendo catalisadoras, né? Elas forçam a indústria a reforçar a segurança marítima, a aprender e implementar mudanças que são vitais. A pergunta que talvez fique no ar é quantas outras ambiguidades ou vulnerabilidades normalizadas ainda existem por aí só esperando uma tempestade perfeita? Uma reflexão importante. Voltaremos em breve com outra grande operação ou tópico SAR. Claro, acessível. Obrigado por ouvir.